Vou tentar ir sem ti. Pensei em não ir, parece não fazer sentido. Foi um ano à espera, foi desejar todos os dias aqueles dias. Foi esse desejo, essa esperança da felicidade e realização plenas que me fez suportar muitos dos dias. O meu instinto de sobrevivência ou de auto-preservação levou-me para lá várias vezes durante este ano difícil de alterações profundas naquilo que tomava como constante. E agarrei com tanta força este nosso sonho durante este ano que preciso de tempo para lhe adaptar a realidade.
Sei que o ouvir a primeira voz, e sentir o primeiro vento não vai ser tão puro e limpo sem ti. Sei que não vou dançar nem viver a dança como deve ser mesmo vivida sem ti e a tua autenticidade, sem as nossas esperanças, sorrisos e partilha do sentimento realizado em cada movimento. Porque é a nossa verdadeira amizade que faz estes dias que vivemos como nossos, meus, teus e da terra. Mas vou voltar sem ti. Não vou para o mesmo sitio nem para os mesmos dias, esses continuam nos sonhos, à espera do próximo ano, mas vou criar naquele espaço outras memorias minhas, memórias minhas e de outros muito especiais onde estarás sempre presente.